terça-feira, 19 de maio de 2009



O período antes do 25 de Abril foi uma época muito difícil, segundo me contou o meu bisavô Manuel Camilo, de 85 anos de idade.
A época Salazarista, como ele lhe chama, era cheia de restrições, pois eles não podiam expressar-se politicamente, sem que pudessem sofrer represálias.
Trabalhavam de sol a sol e os salários eram muito baixos, eram tratados quase como escravos, porque na altura trabalhavam principalmente na agricultura e quem eram os donos das terras eram os senhores ricos da aldeia, que se achavam superiores a eles.
Mesmo aqueles que tinham dinheiro, não podiam comprar tudo aquilo que queriam, porque muitos dos produtos de primeira necessidade eram regrados.
O meu bisavô tinha uma mercearia, onde a minha avó e a minha tia trabalhavam, e lembram-se perfeitamente que o açúcar, a farinha e o sabão não podiam ser vendidos nas quantidades que as pessoas queriam.
Quando se deu o 25 de Abril, o meu bisavô andava a semear batatas na sua horta. O vizinho da horta ao lado também se encontrava lá e tinha um rádio com ele. Chamou a atenção ao meu bisavô de que tinha havido uma revolução em Lisboa.
O meu bisavô largou a enxada e foi para casa. Ligou o rádio e constatou que realmente tinha havido uma revolução e que Marcelo Caetano tinha sido deposto do seu cargo.
Toda a gente celebrou com grande alegria e alívio.
A vida melhorou bastante, porque os salários subiram, passou a haver assistência médica, porque até aí só os ricos podiam ir ao médico.
Passaram também a ter direito à pensão, após os 65 anos de idade.

Adriana Lopes